quinta-feira, 1 de agosto de 2013

o texto já está mudando..... agora de manhã retrabalhei
estou precisando agora voltar ao açude


o projeto de tatiana grinberg, de criar uma situação de grama em fuga nos jardins domados de um casarão eclético, na beira da floresta da tijuca, leva a pensar as coisas todas em termos de tramas e não-tramas, como se examinássemos a pele, a carne que recobre o mundo. 
a grama, o cobertor de feltro, a floresta da tijuca, as curvas da estrada das canoas. já sinto certa tonteira, uma espécie de labirintite, que ressoa aqui bem alto, na curva do abdômem. e é como se fosse preciso agora focar tudo mais de perto, refinar o sismógrafo, pois há micro percepções envolvidas, em torno de gestos mais amplos. um gramado será suspenso, içado em direção à floresta. surpresas serão geradas aí – no campo da percepção, mas também no campo dos usos, dos costumes.... mas apenas sei dizer que há, desde maio, grama brotando através dos poros de uma manta de feltro [manta daquelas que recobrem tantos corpos nas madrugadas geladas]. e aí, tudo vem junto, os cortes na terra nua, as fendas, e mais os fios que fogem para a mata, tornando concretos, e até de certo modo duráveis, traços de desenhos, esboços, desejos. 
projeto//processo. probjeto?

explorando a membrana de contato com o mundo, aí nesse mergulho nas profundezas da imanência, a proposição testa um território gerado pela ampliação do gramado-manta, atravessando de novas linhas e afetos a vivência de um jardim, movendo espaços, prometendo enfim transformar a configuração de cada um dos encontros. penso agora em um artista que gostava da ideia de que o desenho das coisas à nossa volta, a cidade, a arquitetura enfim, transforma-se com nossos gestos, como quando usamos um hidrante para apoiar o pé enquanto amarramos os cordões do sapato, no meio da rua....

imagino como uma tarefa de puro deleite investigar o uso, os possíveis usos dessa manta que, ao propor um outro avesso, transforma o solo, perturbando todo o esforço de regularidade desse platô ajardinado, tentativa de ordenação de um lugar que para sempre estará em mutação, misturado à dinâmica da mata atlântica....  passar pelo platô, pelas árvores mestras da operação, e depois sentar no divã de azulejos em frente à fonte rococó..... ficar ali, naquela sombra fresca, pensando nos desenhos em fuga pela floresta

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