remontagem do texto..... sujeito a mais remontagens ao longo do dia/
manto-intervalo
entre o
jardim e a mata, a grama, fora, e dentro. entre o agora, e as linhas de devir
a máquina de fugas criada por tatiana grinberg nos jardins de um casarão
eclético, nas bordas da floresta da tijuca, faz deslizar temporalidades.
movimenta
rastros de corpos e outras intensidades, ativando enervações dentro/fora. a
operação em curso desloca coordenadas, retraçando pensamentos e percursos. leva a pensar as coisas em termos de tramas e
não-tramas, vivendo de dentro e de fora a carne que reveste o mundo. [atravesso
o manto, respiro com ele, sinto seu calor, a grama me espeta. e posso voar pela
floresta. vol d’oiseau. a grama, o
cobertor de feltro, a floresta da tijuca, as curvas da estrada das canoas, o
mar. já sinto certa tonteira, perturbações de labirinto, e que ressoam aqui bem
alto, na curva do abdômem. percorro trajetos imaginários através da mata,
seguindo novas linhas, planos, mapas. ao mesmo tempo, é como se fosse
preciso focar tudo mais de perto, refinar o sismógrafo, pois há
micro percepções envolvidas, em torno de gestos mínimos, e mais amplos]].
um gramado será suspenso, içado em direção à floresta. surpresas serão
geradas aí – no campo da percepção, mas também no campo dos usos, dos
costumes....
apenas sei dizer que há, desde maio, grama brotando através
dos poros de uma manta de feltro [manta daquelas que recobrem tantos
corpos nas madrugadas geladas]. e aí, tudo vem junto, os cortes na terra nua,
as fendas, lâminas, estacas, fios de metal. e mais os desenhos que
fogem para a mata, que serão concretos, e até de certo modo duráveis…. traços se
confundem com trajetos/projetos/processos. probjetos?
explorando a membrana de contato com o mundo, aí nesse mergulho
nas profundezas da imanência, a proposição testa um território gerado
pela ampliação do gramado-manta, atravessando de novas linhas e afetos a
vivência de um jardim, movendo espaços, prometendo enfim transformar a
configuração de cada um dos encontros.
imagino como uma tarefa de puro deleite investigar o uso, os
possíveis usos dessa manta que, ao propor um outro avesso, transforma o solo,
perturbando todo o esforço de regularidade desse platô ajardinado,
tentativa de ordenação de um lugar que para sempre estará em mutação, em tensão
dinâmica com a mata atlântica.... passar pelo platô, pelas
árvores mestras da operação, descobrir a trama de metal, e todo o jogo de
forças que irá atravessar o corpo/espaço. paralelas/infinito
depois, sentar no divã de azulejos em frente à fonte rococó..... dali, daquela
sombra fresca, admirar os desenhos em fuga pela floresta
a
intervenção no museu do açude 'escolhe' o momento transitório desse jardim,
entrelaçando estratos de memória, e enfatizando suas linhas de fuga para a
floresta. novas tramas, linhas, arranjos surgem, tornando mais complexa a
conversa nesse intervalo, enfatizando enfim o aspecto misto e transitório desse
território.
pitoresco? [o
jardim do açude, submetido à floresta, a seu poder de polinização, de mutação, é
um campo pitoresco, em elipse.]
...como a oitava pode ser substituída por "escalas não
oitavantes" se reproduzindo a partir de um princípio em espiral; como a
textura pode ser trabalhada de maneira a perder seus valores fixos e homogêneos
para devir um suporte de deslizamentos no tempo, de deslocamentos nos intervalos,
de transformações som/arte comparáveis àquelas op/arte...
essas palavras de deleuze e guatari parecem adequadas para propor,
da capo, a experiência com a obra: mudar junto com as gramas, os traços, as
tramas e cerzidos, ao vivo.
manta intervalo
ResponderExcluirmanto intervalo
rever o uso de manta/manto