estou precisando agora voltar ao açude
o projeto de tatiana grinberg, de criar uma situação
de grama em fuga nos jardins domados
de um casarão eclético, na beira da floresta da tijuca, leva a pensar as coisas
todas em termos de tramas e não-tramas, como se examinássemos a pele, a carne que
recobre o mundo.
a grama, o cobertor de feltro, a floresta da tijuca, as curvas
da estrada das canoas. já sinto certa tonteira, uma espécie de labirintite, que
ressoa aqui bem alto, na curva do abdômem. e é como se fosse preciso agora
focar tudo mais de perto, refinar o sismógrafo, pois há
micro percepções envolvidas, em torno de gestos mais amplos. um gramado
será suspenso, içado em direção à floresta. surpresas serão geradas
aí – no campo da percepção, mas também no campo dos usos, dos costumes....
mas apenas sei dizer que há, desde maio, grama brotando através dos
poros de uma manta de feltro [manta daquelas que recobrem tantos corpos
nas madrugadas geladas]. e aí, tudo vem junto, os cortes na terra nua, as fendas, e mais os fios que
fogem para a mata, tornando concretos, e até de certo modo duráveis,
traços de desenhos, esboços, desejos.
projeto//processo. probjeto?
explorando a membrana de contato com o mundo, aí
nesse mergulho nas profundezas da imanência, a proposição testa um
território gerado pela ampliação do
gramado-manta, atravessando de novas linhas e afetos a vivência de um
jardim, movendo espaços, prometendo enfim transformar a configuração de cada um
dos encontros. penso agora em um artista que gostava da
ideia de que o desenho das coisas à nossa volta, a cidade, a
arquitetura enfim, transforma-se com nossos gestos, como quando usamos um
hidrante para apoiar o pé enquanto amarramos os cordões do sapato, no
meio da rua....
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